Capela Médici em Florença

Quando moramos em uma cidade que amamos, é difícil escolher um lugar favorito. Eu tenho vários lugares favoritos em Florença, e um deles é a Capela Médici. Poucas pessoas conhecem ou vão até ela, o que talvez a faça mais especial ainda. Um “paraíso pouco conhecido”. Localizada atrás da Basílica de São Lorenzo, projetada por Brunelleschi no século quinze e construída por Michelangelo e Buontalenti entre os séculos dezesseis e dezessete.

A Família Medici foi a mais poderosa da cidade por séculos. E uma das formas de se mostrar poder era através dos mausoléus. Eles encomendavam os túmulos e quanto maior, mais rica a família. Os Médici então, ao invés de túmulos enormes no cemitério da cidade, resolveram construir um grande mausoléu chamado Capela Médici atrás da sua igreja privada, a Basílica de São Lorenzo, que carrega o nome do “maior” Médici. Conhecido como Lorenzo, o Magnífico, ele merece um post só para ele.

Assim que se entra na Capela Médici, você entende o que poder significava e o que a família queria passar de mensagem. Tudo é tão grande, que você se sente minúsculo. Era essa a ideia. Formato octagonal, inteira de mármore branco, vinho como predonimante junto com cinza e verde e pedras preciosas. A altura na cúpula são 50m. No alto de cada um dos túmulos, o brasão da familia. E acima de cada sarcófago, a estátua de quem o representa. Essa é a chamada “Capela dos Príncipes”. Ela foi idealizada por Cosimo I Medici, saiu do papel com Ferdinand I de Medici, executada pelo arquiteto Matteo Nigetti em 1604 – 1640 e projetada por Don Giovanni de Medici. Uma obra de arte com vários artistas de diferentes épocas.

Uma curiosidade: o altar que esta localizado no canto esquerdo da Capela dos Príncipes, foi construído na Segunda Guerra Mundial especialmente para a visita de Hitler. Como não tinham artistas para fazer um altar de mármore no padrão da Capela, ele foi feito em madeira, imitando o mosaico de mármore, e só da para perceber que ele nao e de marmore depois de saber, e chegar muito perto.

Os seis sarcófagos estão vazios sendo que os restos mortais dos Medici continuam na cripta localizada no subsolo do prédio. Os vãos presentes acima dos sarcófagos foram feitos para conter as esculturas de cada um dos Medici, porém somente duas foram feitas, ambas por Pietro Tacca (1626-42): a de Ferdinandoi I e Cosimo II.

A Sacristia Nova é meu lugar favorito, que era para ser outro sarcófago contendo os restos mortais dos mais famosos e importantes Medici. Diz a história que Michelangelo, que foi descoberto por Lorenzo di Medici e portanto era considerado o artista da família, estava cansado de ser manipulado pelos Medici e se uniu aos rebeldes que lutavam contra os mesmos. Por essa razão ele foi colocado na “lista negra” dos Medici que o viam como ingrato. Ele havia sido contratado para projetar o túmulo do Papa Leão X mas meio que de saco cheio, sumiu por um tempo. Eis que todo mundo procura o grande artista e nada. Após um tempo, os Medici pediram para uma trégua com Michelanguelo, implorando para que ele aparecesse. Ele surge, então de dentro da Capella Medici, onde morou por todo esse tempo. Resultado do tempo que lá passou: as maravilhosas esculturas de “Dia e Noite”, “Aurora e Crepúsculo”, chamados de “Alegorias do Tempo” e a impressionante “Madonna Medici com il Bambino”.

A alegoria do tempo é incrível. Ela representa as fases da vida. Aurora, a juventude; Crepúsculo, a velhice; Dia, a nossa vida na terra; Noite, a morte. Percebe-se que Michelangelo só usava modelos masculinos para suas esculturas, os corpos são bem característicos. Na escultura “Noite” ve-se uma máscara em suas mãos, que aparentemente, era a forma de Michelangelo expressar-se diante dos Medici. Encontram-se várias pinturas ‘tirando a máscara’ na Capela Sistina também. O sarcófago contendo os restos mortais de Lorenzo di Medici e seu irmão Guiliano é representado por três esculturas: Madonna com a criança de Michelangelo (uma obra impressionate e mesmo tendo sido feita em mármore, Michelangelo consegue expressar movimento); o Santo Cosme, de Giovan Angelo; e Damião, de Rafaello.

Além da alegoria do tempo, algo muito pessoal de Michelangelo esta representado na Sacristia Nova. No altar, que aparentemente não tinha muita importância, existem vários desenhos feitos a lápis por ele, que foram descobertos em 1976. Rascunho de suas obras e, no canto direito, um bobo da corte, que poderia, mais uma vez, representar os sentimentos de Michelangelo perante a familia Medici.

Abaixo do prédio, encontra-se a cripta. Escura e simples, é lá que encontram-se os restos mortais da maioria dos membros da Familia Medici. Nada de ostentação das capelas. Simples criptas com a escultura da última Medici, Anna Maria Luisa de Medici, que doou todas as obras da família para a cidade de Florença.

A Capela Médici é um lugar inesquecível. Se fecho meus olhos consigo vê-la na minha lembrança, cada pedacinho e imaginar que Michelangelo esteve lá sempre me arrepiou. Vale a visita e não se esqueça de reparar nos detalhes.

 

Para Visitar:

 

Endereço: Piazza Madonna degli Aldobrandini, 6 – Florença – Itália

 

Horário de funcionamento:

O museu está aberto todo o ano de segunda e sexta das 8.15 às 13:50

Fechado no segundo e quarto domingos de cada mês e na primeira, terceira e quinta segunda-feira do mês, assim como no Ano Novo, Dia 1 de Maio e Dia 25 de Dezembro.

 

Bilhetes:

Preço normal: 6,00 €

Preço reduzido: 3,00 € (dos 18 aos 25 anos e professores)

Gratuito: Crianças com menos de 6 anos, pessoas com deficiência e seus acompanhantes, guias turísticos e professores inseridos em grupos escolares devidamente autorizados.

 

 

 

 

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2 comentários sobre “Capela Médici em Florença

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