Viagens: Índia: Agra – O amor em mármore branco e pedras semi-preciosas

Chegamos em Agra após 12 horas em um trem. Essa, por sinal, foi uma experiência bem interessante, viajar de trem na Índia. Estava com um super receio, mas foi tudo tranquilo, nosso vagão tinha muito europeu e estrangeiros e demos sorte de ficar sozinhos em nossa cabine. Fomos de classe A2.

Avistamos primeiro o Agra Fort, vermelho, imenso. A agência estava nos esperando, representada por um sorridente indiano que logo ali nos informou que passaríamos o Holi na casa dele. Amei. As 9:30 estava ele nos buscando para mais uma experiência incrível aqui.

Holi: o festival das cores

Holi, ou Festival das cores, é um dos festivais mais importantes da Índia. Ele simboliza a vitória do bem contra o mal. Eles se reúnem com a família e amigos e jogam tintas coloridas uns nos outros, e dizem “Feliz Holi“.  É tão divertido que em vários lugares do mundo se comemora o Holi. Fomos na casa de uma família indiana, todos nos receberam super bem e tivemos mais uma daquelas experiências maravilhosas.

Todos vieram nos receber, eles desejam Happy Holi, passam tinta a sua testa onde esta o terceiro olho e depois na bochecha. As mulheres abraçam as mulheres e os homens se abraçam. Ofereceram comidas (todas vegetarianas, mas fritas) e bebida. Depois de um tempo conversando chegou mais um casal de turistas com o filho da Rússia.

Depois de um tempo todos mais animados com efeito do álcool começou a pista de dança e ai nos divertimos um monte. As meninas de um lado, os meninos de outro e dá-lhe dançar. Obvio que o som universal do momento tocou: Gangnam Style. Foi muito gostoso.

A filha mais velha do dono da casa ficou me contando na vida dela, ela tem 20 anos, esta na faculdade de bio medicina e disse que sim, sua família escolherá seu marido, mas ela só casará depois que acabar a faculdade e ela “ficar mais independente”. Ai percebemos que o sistema de casta ainda é muito forte. Em Agra, 90%dos casamentos são entre pessoas da mesma casta.

Depois de algumas horas, várias músicas indianas bollywoodianas, muitas fotos com a família e agradecimentos sem fim, retornamos ao hotel.

Final da tarde fomos ao parque…. Que é do outro lado do rio Yanama onde está o indescritível Taj Mahal. Chegamos no jardim e avistamos a torre e aí eis que surge esse gigante, branco, indescritível. A emoção tomou conta, nunca vi algo tão maravilhoso. Várias pessoas paradas, sentadas, tirando mil fotos, olhando para esse que é uma das maravilhas do mundo. Ficamos algumas horas conversando olhando para ele e sem conseguir acreditar nos nossos olhos…

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Fomos embora meio a contragosto querendo ficar lá olhando para ele… indescritível.

Antes do descanso, o trabalho maravilhoso no mármore

Não somos o tipo de turista que movimentam mais ou menos a economia local. Eu detesto comprar e fazer compras em geral. Aqui vim com alguns itens na cabeça: lenços com cara de Índia, imagens dee deuses, livros sobre hinduísmo, batas. Não compro só porque está barato “very, very cheap”. Compro coisas que mexem comigo, de alguma forma.

Nunca pensei que compraria algo de mármore mesmo sabendo que Agra é famosa por isso: até ir nesse local perto do hotel. Achei que seria algo como o de seda em Varanasi (o gui nos levou a uma dessas fábricas de seda e no final da exibição de como a seda é feita, fomos muito compelidos a comprar). Fomos recebidos pelo dono do negócio que nos explicou como o trabalho no mármore é feito. É uma arte, definitivamente. Lindo.

Entramos na loja e fomos direto na miniatura do Taj Mahal de tanto apaixonados que ficamos. Vi uns porta velas que amamos de cara, mas era um pouco mais caro que o Taj e com a limitação do budget, escolhemos o Taj. Mas ai o dono conversando conosco mostrando outras coisas me fala: “eu não estou satisfeito com essa compra de vocês. Vocês podem achar em qualquer lugar mais barato sem ser de mármore. O que vocês acham dessa porta velas” e me saca um maravilhoso com todas as pedras semi preciosas que eles tem e que ainda tem um efeito lindo com a vela.

Apaixonados, conversamos e resolvemos levar esse pedacinho de Agra para casa.

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Exageros do amor: o indescritível Taj Mahal

Era uma vez um imperador mongol, cujo nome em persa significava “Rei do mundo”: Shah Jahan. Um dia ele se apaixonou perdidamente e tomou como segunda esposa uma princesa persa, que seguindo o costume da época, mudou de nome e passou a se chamar Mumtaz Mahal (“Jóia do Palácio”). De 1612 a 1631, Jahan e Mahal viveram uma linda história de amor, com direito a muitas guerras e filhos. Ela era a maior conselheira do imperador e morreu ao dar à luz seu 14º filho.

A morte de Mahal deixou o imperador inconsolável. Para honrar a memória dela e em um ato de excentricidade e exagero (talvez o maior por amor), ele mandou trazer os mais talentosos artesãos da época de todos os cantos do mundo e apenas 6 meses após a morte de sua amada, iniciou a construção de umas das mais impressionantes obras de arte do mundo. Mais de 20mil trabalhadores, elefantes, camelos e bois traziam mármore branco e pedras preciosas do Rajastão usando também o rio Yanama como transporte.

Em 1653 o indescritível Taj Mahal, ou palácio de Mahal, ficou pronto e pouco depois disso o imperador ficou doente e dois de seus filhos lhe tomaram o poder. Ele foi exilado no Forte de Agra, de onde pode observar até o final de seus dias (em 1666) a sua obra prima. Jahan foi enterrado no Agra Forte até que alguns anos após sua morte, seu filho Aurangzeb, muito menos preocupado com arte, sepultou o pai dentro do Taj Mahal, ao lado de sua amada Mumtaz – criando, assim, a única assimetria de todo o complexo, já que a tumba da esposa ocupa o centro perfeito do prédio e a do imperador morto fica ao lado e é mais alta do que a outra.

Essa é a história. As lendas que ele iria construir um outro Mahal em mármore preto do outro lado do rio, que ele cortou as mãos dos trabalhadores para não repetirem a obra… são lendas. Honestamente, não consigo imaginar que um homem que fez tanto por amor, fizesse outros tanto por não querer que a obra fosse repetida. Não acho que ele se daria esse trabalho estando tão arrasado de amor.

Nosso guia nos enche com todas as histórias, lendas e dados da época. Logo que se entra no jardim a porta principal tem 22 duomos, representando o tempo que ele demorou para ser construído. Ouvimos tudo e ai olhando pelo arco principal, ele aparece. Vamos com a multidão entrando no também simétrico jardim e meu coração acelera e meus olhos enchem de lágrimas ao avistar tamanha beleza.

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O Taj Mahal é tudo, absolutamente tudo que você ouviu falar só que mais e muito mais. Lindo, exuberante, um exagero, tanta emoção que meus olhos não aguentaram e explodiram em um choro emocionado e de muita felicidade. O guia fala que existem dois tipos de pessoas na vida, as que conhecem o Taj e as que não. Com a benção de Deus, ou Lord Shiva, faço parte da primeira categoria.

É impossível descrever o Taj Mahal. Cada passo mais perto, cada olhar, cada pedra ele se mostra mais exuberante ainda. Maravilhoso. Todo mundo deveria conhecer o Taj Mahal. Todo mundo.  Deveria ser obrigatório na vida: ter um filho, escrever um livro, plantar uma árvore e conhecer o Taj Mahal.

Ele é inteiro construído em mármore branco. Inteiro. E não é somente o mármore, mas ele é inteiro trabalhado, decorado com flores feitas na própria pedra, flores talhadas em pedras semipreciosas e trechos do corão talhados em ônix pelo Taj inteiro. Mumtaz Mahal era muçulmana então ele é em estilo muçulmano.

Os quatro minaretes em volta dele foram construídos voltados para fora não retos, pois em caso de terremoto eles caem para fora e não em cima do Taj. Tudo é simétrico, perfeito, maravilhoso. Já disse o quanto ele é maravilhoso?

Entrando no Taj logo dá para ver a escada que leva a verdadeira tumba do casal que é fechada para o público. Razão: vandalismo. Então logo em outra sala temos a réplica perfeita de ambas. A dela bem no centro, e a dele do lado. É proibido tirar foto lá dentro.

O espelho d´água na frente, o jardim, as entradas. Indescritível. Sair de lá foi doloroso. Ficaria mais algumas horas somente sentada ali com meu marido olhando para o Taj Mahal.

Agra além do Taj Mahal

Agra vale a pena por conta do Taj Mahal, mas tem outros lugares superinteressantes de ver. Um deles é o baby Taj ou Itmad-ud-daulad tumulo de MIzra Ghiyas Beg um nobre persa que foi construído por sua filha Nur Jahan e serviu de inspiração para o Taj Mahal.

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Baby Taj

Outro lugar imperdível é Akbar´s Mausoleum. Akbar foi o terceiro imperador moghul (uma mistura de persa com mongol) e foi construído pelo próprio Akbar. Ele foi o único “Rei da India” tendo governado ela inteira Norte a Sul. Abkar merece um parêntesis que farei mais para frente. O lugar é demais e tem pavão e veado no jardim. Dentro é lindo, o teto é inteiro pintado e no fundo em uma das entradas tem uma pintura que lembra muito os tapetes persas. Mas o melhor da tarde estava por vir.

Agra Fort: quando os imperadores começam a mostrar quem eles realmente eram

O Agra forte foi construído inteiro em sand stone. Ele é inteiro vermelho com a ressalva de uma área que é de mármore branco e falarei dela logo mais.

Akbar começou sua construção em 1565 porém seu neto Shan Jahan, o mesmo que construiu o Taj Mahal, adicionou uma área em mármore branco e mudou sua finalidade de base militar para palácio que anos mais tarde foi a sua prisão.

O forte é imenso, uma coisa muito interessante é que na entrada principal tinha espaço para tambores para avisar que alguém chegou e no segundo andar dançarinas que jogavam pétalas de flores no rei e na rainha. Jardim, mesquita, o que realmente é legal é a parte construída por Shan Jahan. Inteira de mármore branco que lembra o Taj.

Até aqui estava achando que Shan era o cara mais romântico do mundo. Até o guia começar a explicar como era aquele palácio. O jardim que hoje são flores eram videiras o qual o rei brincava de esconde esconde com suas inúmeras amantes e detalhe: se jogava pelado. Na frente o quarto da rainha, a esquerda o quarto de uma filha, a direita de outra. Em volta o local que ficavam as amantes e o quarto que elas dormiam era minúsculo. No centro uma jacuzi. Ainda a esquerda o local onde Shan Jahan ficou 8 anos preso antes de sua morte em 1566. De lá ele podia ver o Taj Mahal.

Se alguma dessas descrições são verdade não sei.  Se sim, Shan perdeu um pouco do seu brilho. O Taj Mahal não.

 

 

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