Após quase 17 horas de viagem e uma escala de 7 horas na Tailândia chegamos as 23:30 na Índia.
No voo já sentimos algumas coisas: a comida é impossivelmente apimentada. Eu pedi um vegetariano que era um feijão, arroz e couve com tanta pimenta que na primeira garfada senti minha boca inteira arder. O avião cheirava suor, com Cury.
O aeroporto é bem legal, estruturado, a imigração foi tranquila. Encontramos nosso motorista Rajesh nos esperando e nas primeiras tentativas de conversar já percebemos que eles falam inglês, mas naquelas. Nosso motorista fala muito pouco e entende menos que fala. Todas as minhas perguntas e curiosidades se calaram com a dificuldade dele entender inglês.
Tinha muito policial na rua e até exército que viemos descobrir mais tarde porque um terrorista foi descoberto em Deli antes de atacar, e a parte da cidade que visitamos era bem feia. Nosso hotel em um lugar horrível, uma rua estranha e vazia. Dentro, porém, ótimo.
Ao tomar banho, porém, água fria. E ainda dois baldes estranhos no chuveiro que não entendi o que significam.
De manhã tudo certo para nosso primeiro tour. Após a dificuldade em conseguir entender o garçom sobre o que pedir de café da manhã, encontramos nosso guia para conhecer Délhi. Isso é uma coisa engraçada sobre a Índia. Como a colonização foi inglesa, esperávamos não ter problemas muito complexos de comunicação, mas na verdade tivemos muita dificuldade com o idioma. Os guias falam inglês fluente, os motoristas mais ou menos, as pessoas do hotel quase nada. No hotel em Deli precisamos ligar na recepção e veio o recepcionista com o cozinheiro conversar conosco.
Se o som da Austrália é o corvo, da NY ambulâncias, da Índia são as buzinas. O transito é completamente caótico, todo mundo buzina para conseguir se mexer e ultrapassar. Carros, pessoas, motos, Tuk Tuk, rikesha. Motos com até 4 pessoas, pessoas atravessando em qualquer lugar, e dá-lhe buzina.
Com o guia conosco seguimos para a parte velha de Deli onde ficam o Red Fort (que só vimos do lado de fora e de longe) e a Jama Masjid maior mesquita da Índia. Vale a pena, o ligar é muito bonito e cheio de simbolismo. Aqui percebemos que para tudo se paga, para tudo se dá a tal da “tip”. Guardador de sapato, túnica, tudo. Portanto ter um monte de notas de 10Rs pode salvar o constrangimento. Ao subir na torre e ver a cidade do alto, dá uma certa aflição. Deli é enorme, poluída, barulhenta. Vimos coisas como um desmanche no telhado da casa com para-choques no telhado, casas desmoronando, fios aos montes.
Ao deixar a mesquita, aparece um indiano em uma bicicleta acoplada em uma charrete (rickshaw) e o guia nos pergunta se queríamos dar uma volta na parte velha da cidade (chandi Chowk). E aí levamos o tal do soco no estômago que a Índia costuma dar em seus visitantes: muita pobreza, miséria, sujeira, açougueiros cortando carne no meio da rua, galinhas. Acabou o tour e estávamos em silêncio. Fomos dar a “tip” para o motorista e tivemos o primeiro choque de tips: íamos dar 50Rs ele disse que eram 100Rs. Eu me sinto muito enganada nessas situações, mesmo.
Saímos do centro velho e cruzamos a cidade para uma Deli menos caótica. Paramos em um dos pontos mais sagrados da Índia: Rajghat, local onde encontram-se parte das cinzas de Gandhi e tem um monumento em sua homenagem. A energia do local é incrível, uma paz, muitas flores, mantra tocando, pessoas orando. Fiquei pensando em quantos líderes espirituais incríveis nasceram na Índia. Deve ter alguma conexão certamente. Gandhi, Madre Teresa de Calcutá, Buda.
De lá paramos no portal da Índia (Índia Gate), uma espécie de arco do triunfo indiano no qual estão gravados os nomes de soldados que morreram lutando pela liberdade do país. O Lotus templo, templo em forma de Lótus só vimos por fora por indicação do nosso guia, mas não deixou de ser lindo e muito maravilhoso. Fomos almoçar em um restaurante tradicional com, obvio uma comida apimentada após pedirmos sem pimenta, e fomos ver a outra face de Deli: Rashtrapati Bhawan, os palácios do governo, casa do presidente e os ministérios. Luxo, riqueza, um grande contraste com aquela Índia que vimos pela manhã.
Passamos pela … maior torre de Délhi e visitamos o Humayun´s tomba o qual o Taj Mahal foi inspirado. Esse em particular é incrível. Humany foi um imperador no 3 sec. DC e o local foi construído pela sua primeira esposa (ele tinha três) para ser seu túmulo. Ele esta no centro do local, seus dois filhos e as três esposas estão aqui também. Lindo, com detalhes que valem a visita.
No final do dia, o melhor de Deli. Tive que insistir com o guia que achava que não deveríamos ir até lá, mas meu coração nem mandava me arremessava para lá. Laskhiminarayan Templo, o templo construído em 1938 dedicado a deusa Lakshimi, deusa da saúde e fertilidade. Não consigo descrever a emoção que senti nesse local. Só podemos tirar fotos do lado de fora e do jardim. Ele é imenso, com passagens dos Vedas em cada canto, logo no centro está Lakshimi e Narayan seu marido, mais conhecido como Vishnu, Deus da criatividade e uma das manifestações de Bhrama. Do seu lado direito e do seu lado esquerdo, Shiva e Parvati. Fora ainda um mini templo para Ganesh e outro para Hanuman. Ao fundo um outro templo só para Krishna e Sarasvati. Me emocionei em casa canto e tive certeza que retornei a esse lugar. Indescritível a emoção. Vou guardar para sempre.
Voltamos ao hotel e eu mais feliz do que já me senti na vida.
Uma incrível surpresa nos jardins de Lodi
Dia seguinte nosso voo para Varanasi era somente as 14hs e tínhamos a manhã livre. A agencia nos indicou conhecer Lodi Garden e fomos. Chegamos lá achando que seria simplesmente um parque bonito.
Por sinal o bairro que ele esta localizado é uma outra Deli. Limpa, bonita, com muitos estrangeiros na rua. Começamos andando pelo parque, que por sinal é lindo demais. Gansos, crianças, um roseiral, e assim na completa surpresa surge uma construção na nossa frente. Parecendo um palácio persa, mongol, me senti em um filme de mil e uma noites. Aqueles segundos que ficamos sem ar. E ai do lado esquerdo um maior que o primeiro. Surreal essa visão, meio abandonado, antigo. Maravilhoso. Sentamos na grama e ficamos observando e tentando absorver o que tínhamos achado.
Entramos nos dois e um guia local nos explicou a história do local. Bara Gumbad foi um imperador no sec. 15 e seu túmulo é aqui. São quatro construções, a principal, e três menos o qual são hoje, túmulos. Os detalhes são de tirar o fôlego. E o mais legal é que em todos os cantos tem a lótus, símbolo do hinduísmo com os outros símbolos que significam a união das religiões.
Com essa sensação de surpresa boa e encantamento, deixamos Deli rumo a cidade mais sagrada da Índia: Varanasi.